O senhor tem toda razão

Não estou para discussão. É que certas discussões não servem para nada mesmo. Na escola nos ensinam que devemos defender nossos pontos de vista com religiosidade canina, mas basta que entremos no mercado de trabalho para descobrir que não há ponto de vista mais certeiro que o silêncio. “Pão, pães, é questão de opiniães”, já… Continuar lendo O senhor tem toda razão

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Playstation

— Vem cá um instantinho, filha. — Ah, pai. Agora tô brincando com o Playstation que ganhei de Natal. — Só um segundo, menina. Deixe esses videogames um pouco de lado. Hoje o pai vai te ensinar a raciocinar. — Raciocinar? — É. A ser esperta. — Parece legal. Como é que se faz? —… Continuar lendo Playstation

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Crônica Macabra

Norman Bates, o mais famoso personagem de Alfred Hitchcock

Quem assistiu a filmes como Psicose, O Silêncio dos Inocentes e O Massacre da Serra Elétrica sabe que os serial killers exercem um estranho fascínio sobre a plateia. O que as pessoas não sabem — e isso certamente aumentará o fascínio por obras do gênero — é que os assassinos do cinema foram baseados em… Continuar lendo Crônica Macabra

A história real da sopa

Cursei parte do primário numa escola multisseriada, onde havia uma única sala de aula. O professor, também único, era uma espécie de pau-pra-toda-obra que, além de lecionar, cuidava da horta, da limpeza, da merenda e das mínimas finanças do estabelecimento. Os alunos também participavam das tarefas, é claro. Todos os dias, antes de iniciar as… Continuar lendo A história real da sopa

Dicas de Redação

De um professor de português a seus alunos: Não é chic encher o texto de palavras estrangeiras. Coisa mais démodé! Melhor deixá-las outside, caso contrário corremos o risco de que fiquem sem sentido ou com cara de pari passu. Pero que sí, pero que no, para que vocês fiquem a la vonté e realizem um… Continuar lendo Dicas de Redação

Histórias de cemitério

Boas mesmo são as histórias de cemitério. Tem aquela da mulher que usava vestido comprido, por exemplo. Era uma moça alta e garbosa, olhos claros, linda como uma laranja de amostra. Metida a intrépida, todavia. Certa noite, para provar que era valente, resolveu passar a noite no campo-santo. Perto da sepultura de um certo Ranieri… Continuar lendo Histórias de cemitério

Nostalgia

Era cedo e eu caminhava pelo centro da cidade. Não havia nada importante para fazer a não ser contemplar as pessoas que passavam apressadas. Depois de tomar um cafezinho, entrei na tenda de uma Feira de Artesanato. Meio aéreo, admirei os produtos em pano e madeira, os suvenires, os bordados e as bonecas, os chapéus,… Continuar lendo Nostalgia

Como num conto de Calvino

Italo Calvino, um dos maiores escritores do século XX

Ontem me ocorreu um troço esquisito. Estava no centro da cidade quando, de repente, sem quê nem por quê, tudo deixou de fazer sentido. O tudo que eu digo eram as pessoas, os automóveis, as casas, o comércio, o mundo. Por que paramos no vermelho e seguimos no verde? Por que a calçada se chama… Continuar lendo Como num conto de Calvino

O Intelectual de Rodapé

Comecemos com uma definição: Intelectual de Rodapé é o sujeito que, em vez de realmente ler os livros dos quais fala, tenta nos impressionar com o que decorou no Manual do Blefador. Não confundir com o simples pedante, que é menos nocivo porque pensa que de fato sabe o que está falando. A psiquê do… Continuar lendo O Intelectual de Rodapé

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Mostrar ou não mostrar: eis a questão

To be or not to be: that is the question

Talvez a grandiosidade de certas obras-primas da literatura não esteja naquilo que dizem ou mostram, mas nos detalhes — inúmeros e aparentemente sem importância — que insistem em esconder dos leitores. Kafka nos diz que Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos transformado em inseto, mas em momento algum se preocupa em revelar que sonhos intranquilos… Continuar lendo Mostrar ou não mostrar: eis a questão