Sobre chatos e chateações

Deixei o carro no estacionamento, próximo ao elevador, e subi para o shopping. Eu tinha pressa, precisava enviar alguns livros pelo correio e depois voltar correndo para o trabalho. Havia uma reunião marcada — mais uma! — e nessa eu não poderia faltar. De repente, num susto que quase me deixou sem fôlego, avistei o… Continuar lendo Sobre chatos e chateações

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Palestra sobre Leitura

Um frentista me explicou que o colégio ficava diante de um pequeno cemitério. Não avistei exatamente o campo-santo, mas a capelinha mortuária que, supus, ocultava as lápides e as cruzes. Estacionei o meu terceira-mão, peguei o pacote de livros e atravessei a rua. Correndo. Não só por medo de estar atrasado, mas também porque chovia.Era… Continuar lendo Palestra sobre Leitura

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Era uma vez…

Mal abriu os olhos, o E percebeu que o R e o A, seus vizinhos de palavra, aparentavam uma estranha pigmentação. — Onde estamos? — disse, esticando-se na base para enxergar melhor as adjacências. — Não percebeu ainda? — respondeu o U, tão antipático quanto o M e o outro A que o acompanhavam. —… Continuar lendo Era uma vez…

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Literatura Clínica

(Crônica publicada nas priscas eras em que havia jornais impressos). De vez em quando recebo e-mails de pessoas que pedem conselhos de ordem financeira, profissional e até mesmo matrimonial. Nessas ocasiões, ainda que me sinta envaidecido pela consideração, costumo usar o pouco de bom senso que me resta e responder que nada tenho a declarar… Continuar lendo Literatura Clínica

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Eu, Gulliver

Quando abri os olhos, enxerguei apenas uma mancha de céu azul. Mais do que as ondas quebrando no mar, ouvi vozes agudas que se misturavam e zuniam ao pé do meu ouvido. Ao tentar me erguer, surpresa. Meus braços, minhas pernas e até meus cabelos estavam presos por centenas de cordinhas firmemente atadas a estacas… Continuar lendo Eu, Gulliver

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Cavar um romance

Sempre que termino de escrever um romance — como ocorreu hoje cedo — lembro do arigó que cavou um poço na casa do meu tio. Mesmo que na época eu não tivesse mais de 10 ou 11 anos, pude compreender a delicadeza da tarefa. Cavar poços exige experiência, sensibilidade e atenção. Por isso não digo… Continuar lendo Cavar um romance

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Pérolas Literárias

Roberto Bolaño (1953-2003), autor de 2666

Todos já devem ter recebido aquelas listas com as pérolas descobertas nas redações de vestibular. Exemplos: “O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de necessidades.” “Em Esparta, as crianças que nasciam mortas eram sacrificadas.” “Oceano é onde nasce o Sol. Onde ele nasce é o nascente e onde ele desce é o descente.”… Continuar lendo Pérolas Literárias

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Obras-primas que foram recusadas

Os editores americanos não acreditavam no sucesso de A Revolução dos Bichos

Tenho uma pasta com alguns e-mails que recebi de editores recusando os meus originais. É a vida. Executando dois ou três abençoados, esse é o calvário de persistência que os escritores devem enfrentar antes de ver o seu livro publicado. Em momentos de desânimo, gosto de reler as cartinhas e despeitosamente lembrar que os editores… Continuar lendo Obras-primas que foram recusadas

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Pra que escrever ficção?

Peça teatral baseada na história de Kafka e a boneca viajante

Gostaria de responder a pergunta proposta pelo título com uma das muitas historinhas curiosas que encontrei em Desvarios no Brooklyn, um romance do escritor americano Paul Auster. É provável que não seja um dos melhores títulos do autor, principalmente se comparado ao Livro das Ilusões ou à Cidade de Vidro, mas se salva graças à… Continuar lendo Pra que escrever ficção?

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