De um professor de português a seus alunos:
Não é chic encher o texto de palavras estrangeiras. Coisa mais démodé! Melhor deixá-las outside, caso contrário corremos o risco de que fiquem sem sentido ou com cara de pari passu.
Pero que sí, pero que no, para que vocês fiquem a la vonté e realizem um verdadeiro capolavoro, nada mais nice que deixar de lado o chiffon, dar um start com ideias soft e depois arranjar um plus mais hard para oferecer feed back ao paper.
Como diria Júlio César: “alea jacta est”.
Outro item que me carcome e me amofina é o uso de palavras raras no corpo da redação. Pra que obnubilar a escorreita acepção dos excertos? Assaz estúdio, isso é, como se tudo fosse pouco, indiscretíssimo. Não desejo que me tomem por axiomático, mas, como sugeriu Quintana, nada mais espalhafatoso que a palavra “espalhafatoso”.
Outra coisa que acarreta em fúria é uma preposição mal colocada. Gente, vocês precisam estudar regência. Ai, meu Deus, só o Senhor entende como aspiro alunos que saibam diferenciar um verbo direto de um indireto. Estudem, crianças, estudem, estudem e estudem. Como diziam os antigos, “reprehendet aliquis, citius atque imitabitur”.
Por isso nem quero falar desse vício execrável que é a voz passiva. As últimas redações não foram adequadamente escritas por vocês justamente por causa dessa maldita pústula gramatical. Já disse e repito, meus queridos: a voz passiva deve ser evitada, mormente se vier sucedida por esses agentes de ação horrorosos e explicitamente explícitos.
O que dizer dos advérbios terminados em “mente”? Baixaria. Simplesmente não entendo como vocês conseguem. E, data venia, não me venham com linguagem jurídica, nem com linguagem empresarial para otimizar os recursos do seu texto.
Mas o pior de tudo, alunos e alunos do meu coração, é o gerundismo que devemos estar evitando a todo custo, isso sem falar no fetiche das citações. Mania besta essa de escrever entre aspas. Não compreendo o porquê de encher o texto de citações, ainda mais quando pescadas de línguas mortas e lançadas na página sem o menor contexto. Como nos ensinou Fergunson: “as citações são a morte do intelecto”.
Enfim, ainda devo adverti-los dos perigos de se iniciar um parágrafo de conclusão com expressões conclusivas do tipo “portanto” e “sendo assim”. É mais redundante que “subir para cima”, tropeçar num “elo de ligação” e “cair um tombo” daqueles. Jamais terminem um texto de repente.